segunda-feira, 7 de abril de 2014

2º mês de Au Pair

Nossa, como passa rápido!! E ao mesmo tempo: só passou 2 meses?

Algumas meninas tem me pedido para falar como anda por aqui, como foi o começo. Enfim, resolvi falar hoje, depois de 2 meses.

O primeiro encontro com a família

Não adianta passar na sua mente como você vai reagir, o que eles podem fazer... Não adianta!! No treinamento eles até dizem o que você esperar, como falar com as crianças pela primeira vez, e você escuta tudo e pensa: vou fazer isso! Que tolinha.
A mãe e as crianças foram me buscar no hotel, e eles foram os primeiros a chegar para pegar alguma menina. Então estavam todas as meninas, que iam esperar a família no hotel, juntas na recepção, então escutamos vozes de crianças, e passos delas correndo. Ai todas já olharam, e ficavam falando: 'não é a minha!'. Eu fui a última a olhar, e os vi!
As crianças não estavam tímidas (só lembrando: são três meninas, 4, 2 e 3 meses). Usei o velho truque de perguntar a elas quem era o bebê, e elas me falaram o nome, disseram que era a irmã delas, e pronto. No carro, a mãe ligou para o pai, e disse que estava no viva-voz, e que eu já estava com eles. Ele é muito brincalhão e já foi falando comigo: Bem vinda à America! (num Portunhol bem arranhado!). E quando ele chegou em casa também me deu um abraço, assim como a host.

Primeiro momento na casa

A mãe me mostrou algumas coisas do térreo, e pediu que as meninas me mostrassem o resto da casa. No meu quarto, elas disseram: esse era o quarto de fulana (a ex au pair), mas minha mãe disse que agora é seu! Elas são muito agitadas, e falavam tudo, queriam me mostrar tudo, contar tooooda a história de cada cômodo. Disseram até que a ex au pair guardava os sapatos embaixo da cama, e que eu podia fazer o mesmo, desde que deixasse espaço para elas se esconderem em baixo quando a gente fosse brincar de esconde-esconde.
Pensei que quando ficasse sozinha eu fosse chorar, ou algo do tipo: 'caramba, a brincadeira ficou séria!'. Mas não. Eu fui desfazer as malas!! Pensei comigo mesma: quero fazer dar certo, não vou ficar pensando no 'se', vou logo desfazer as malas, e se der errado, eu refaço sem problemas.

A família na real

Nada diferente do que a gente conversou, combinou, ou do que eu vi no Skype. E eles gostam de resolver tudo na real, não mandam recado. Se eu faço algo errado, eles falam. Se eles erram em algo, eu falo. Não existe fórmula de sucesso, mas algo que deu muito certo para mim: não espere muita proximidade deles, porque tudo que vier será lucro.
Sou muito bem tratada, tanto pelos pais, como pelas crianças e o resto da família.

Ex Au Pair

Eu optei por não falar muito com a ex au pair, mandei só um ou dois emails. Não viramos amigas, e eu não me aprofundei muito. Motivos?
1- Eu vejo muita menina que entra em rematch falando: 'eu perguntei tanto a ex au pair como era, e ela não me falou isso. Mentiu para mim.' Então pensei: 'não vai adiantar eu perguntar nada, porque ela pode ser uma mentirosa, querendo se livrar da família'
2- A experiencia de uma não é a mesma da outra, pergunte coisas práticas. A host family perfeita de uma pode ser o inferno para a outra.
3- No primeiro email que a ex au pair me respondeu, eu senti que ela gostava da família, mas não queria que eles pegassem uma nova au pair, e eu não entendi o porquê, até achei que eles não iam me escolher.

Depois de dois meses aqui, eu entendi o que foi que a ex au pair fez, resumindo: ela não estava aqui mais como au pair, a familia realmente gostava dela, e ela tava com outro visto.  Então, suponho eu, ela realmente queria ficar aqui. E não, ela não é Brasileira.

Inverno

Eu peguei o 'final' dele, mas como vocês devem saber esse foi o pior inverno das últimas décadas. Peguei -7°, mas nada comparado com o que o pessoal pegou no começo do inverno.
Realmente, ninguém sai de casa. Você só vê tudo branco. Você começa a achar que você mora numa cidade fantasma. As crianças adoram brincar na neve, mas eu nunca tinha visto, não tinha roupa nenhuma para neve, então com 10 mins de brincadeira com neve no joelho, minha meia já tava toda molhada, minha luva me dava mais frio do que protegia, e as crianças brincando como se não houvesse amanhã. E o meu 'amanhã' era sempre com dor na garganta.
Mas depois de uma semana só saindo com os hosts, e as kids, eu decidi que sairia para andar sozinha pelo bairro. Com neve no joelho, 3 casacos, duas calças, luva, cachecol e gorro. Dei umas patinadas, afinal, meu sapato escorrega na neve. E nossa, como cansa! Pesquisei no Google se tinha algum canto perto para ir, descobri uma 'galeria' com mercado, restaurante, farmácia, e fui para lá. Mas como marinheira de primeira viagem, eu peguei a direção errada, e não chegava no destino nunca. Ai fiquei com medo de começar a nevar, e voltei para casa.

Transição das crianças em relação a nova au pair

É super comum elas trocarem o seu nome com o da ex au pair. E aconteceu comigo também. Acredito que aconteceu menos do que eu esperava, já que as crianças passaram um mês sem ninguém até eu chegar. E hoje em dia elas olham para a mãe e a chamam de Marina, como olham para mim e chamam de mãe. A mãe acha ótimo, até me disse que isso era muito bom, porque mostra que elas gostam de mim, e contam comigo.
Sem falar nos 'I love you' que elas soltam. A do meio é mais tranquila, por só ter 2 anos ela é muito mais fácil de se apegar aos outros. A mais velha não, demorou mais, e ainda tem hora que ela não me obedece (que bondade a minha, na verdade tem momentos raros que ela me obedece de primeira!! E 90% das vezes eu seco a garganta para ela entender que eu que 'mando'), mas recentemente teve um momento ótimo: eu tava off, com a porta do quarto aberta, ela passa pela porta e solta um 'Marina, I love you!', e foi embora!
(sem esquecer dos momentos de 'eu não quero mais falar com você, nunca mais!', afinal são crianças, e elas vão sempre fazer isso!).
Elas sempre me contam: 'a gente fazia 'isso' com a ex au pair, podemos tentar?' Sempre me perguntam alguma palavra nova em Português.
Enfim, elas são muito novas, então não entendem algumas coisas, como:
- O meu trabalho é tomar conta delas;
- Quando os pais estão aqui, eu estou off;
- Au pair, what? Para elas eu sou baby sitter, nem nanny eu sou!! Contei uma vez que eu era a nanny, e elas não sabiam o que era isso.

Dirigindo

É muito tranquilo dirigir aqui na minha cidade. Eu dirigia muito pouco em Recife, e era sempre em ruas mais largas. Aqui não, são ruas com duas faixas apenas, mão e contra-mão, e os carros são enormes.
Então, resumindo: é muito tranquilo dirigir carro automático. Mas se você quer treinar para vir para os EUA, melhore sua noção de espaço, andar em ruas com duas faixas.
Aqui em Massapequa Park, pelo menos, eu não preciso me preocupar com estacionar. As vagas são grandes, até mesmo quando precisa fazer uma baliza, geralmente o espaço cabe um carro de meio, então não sofre muito.
Se você não tem muita experiência, venha para cidades menores, vai ser bem mais tranquilo.

Mala

Pensei tanto nela, foi tanto planejamento. Agora vou contar para vocês o que eu traria mais, e o que traria menos:
- Eu trouxe algumas coisas que me lembram a minha casa. Coisas para enfeitar o quarto mesmo. Não me arrependo.
- Eu trouxe algumas roupas que ainda não usei, como saia, calça de verão. Mas isso é óbvio que ainda não usei porque o tempo não permitiu, mas espero usa-las quando esquentar mais. Ainda não me arrependi.
- Eu não trouxe fotos impressas. Deixei para imprimir mais perto do embarque, quando fui lá, achei muito caro e não imprimi. Aqui tem vários cantos para imprimir fotos, mas ainda não criei coragem para levar para imprimir. Mas me arrependo de não ter trazido.
- Só trouxe duas calças jeans. Hoje eu teria trazido mais. Estou há dois meses aqui e ainda não achei nenhuma calça jeans bacana para comprar. Quem tem um corpo mais 'padrão' vai achar fácil na H&M por menos de $10. Mas meu corpo não é 'padrão'. E aqui é o que uso para trabalhar.
- Não me arrependo de ter comprado mala 'cara'. Elas chegaram aqui inteiras, coloquei capa nelas, e veio tranquila. Algumas meninas compram malas mais baratas, ou indicam comprar malas mais baratas 'porque eles jogam as malas de qualquer jeito e quebram'. Mas pensa comigo: para que os fabricantes iriam fazer malas melhores, se elas fossem quebrar do mesmo jeito que as baratas? Já vi vários casos de meninas que compram malas mais baratas, e quando chegam no aeroporto tem algo quebrado. Imagina carregar malas de 32kg pelo aeroporto com a roda quebrada? Ou pegar um trem do treinamento para a sua cidade com o puxador da mala quebrado? Mas se você só vai trazer 10kg de coisas, compra mala barata mesmo, porque as chances de quebrar são menores.

Documentos

Me disseram muito no Brasil que xerox de passaporte não valia de nada aqui, e eu passava isso adiante. Mas chegando aqui a APIA me fala algo diferente.
Lugar de passaporte e DS é em casa, num cofre. Você só vai andar com seu RG ou CNH + a PID, e a xerox do passaporte e do DS (não precisa autenticar em cartório).
Mas e se eu for abordada por um policial, e ele pedir meus documentos? Se for algo realmente sério, você mostra a cópia para eles, e informa: 'os originais estão na casa da minha host family'. A cópia ,de fato, não serve para muita coisa, mas é um ponto de partida. É muito pior você perder o passaporte numa balada, e ter que tirar toda a documentação novamente. As chances de perder são maiores do que de ser abordada por alguém que vá pedir sua documentação oficial, afinal a sua PID + RG já informam seu nome e sua data de nascimento.
Mas se você for viajar de avião dentro dos EUA, leve o seu passaporte e DS.

Acho que é isso. Parabéns para mim, pelos dois meses, e vamos lá que mais coisas virão.